domingo, 28 de setembro de 2008

[Break The Night With Colour]

Muito tempo da minha vida foi gasto em velórios intermináveis, sofrendo por coisas que mais tarde não valiam ou não mereciam minhas lágrimas e meu luto. Amigos ausentes amores passados.

Levei tempo demais para chegar a essa conclusão, não vale a pena sofrer por quem não me ama. Por quem me rouba a solidão sem me dar nada em troca. Sangue, suor, lagrima e alma por muito pouco em troca.

Depois que descobri isso me sinto leve, sinto que não preciso mais sofre e posso continuar minha vida, e com isso perceber que existe mais gente interessante ao meu redor do que eu imaginava.

Amei poucos na minha vida, você certamente foi um desses poucos, só que continuar a velar esse amor não recebido, só faz me consumir mais e mais. Não quero ficar com a saudade enquanto você está com outro alguém. Com tudo isso nítido, viro a pagina dessa historia, não sei se mais dia ou menos dia, destino tropeça e deixa seu livro cair novamente nessas paginas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008



Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.

Nietzsche

[Strani Amori]

Strani Amori
Renato Russo


Mi dispiace devo andare via
Ma sapevo che era una bugia
Quanto tempo perso dietro a lui
Che promette e poi non cambia mai
Strani amori mettono nei guai
Ma, in realtà, siamo noi

E lo aspetti ad un telefono
Litigando che sai libero
con il cuore nel lo stomaco
Un gomitolo nell'angolo
Lì da solo, dentro un brivido
Ma perché lui non c'è

E sono strani amori che
Fanno crescere e sorridere
Fra le lacrime
Quante pagine lì da scrivere
Sogni e lividi da dividere
Sono amori che spesso a questa età
Si confondono dentro a quest'anima
Che si interroga senza decidere
Se è un amore che va per noi

E quante notte perse a piangere
Rileggendo quelle lettere
Che non riesci più a buttare via
Dal labirinto della nostalgia
Grandi amori che finiscono
Ma perché restano nel cuore

Strani amori che vanno e vengono
Nei pensieri che lì nascondono
Storie vere che ci appartengono
Ma si lasciano come noi

Strani amori fragili
Prigionieri, liberi
Strani amori mettono nei guai
Ma, in realtà, siamo noi

Strani amori fragili
Prigionieri, liberi
Strani amori che non sanno vivere
E si perdono dentro noi

Mi dispiace devo andare via
Questa volta l'ho promesso a me
Perché ho voglia di un amore vero
Senza te

terça-feira, 16 de setembro de 2008

[Coisas frágeis]

Pessoas se despedaçam tanta facilidade... Sonhos e corações também.

Basta tão pouco para se fazer outra pessoa em mil pedaços. Engraçado, me lembro de uma frase que minha avó costumava dizer, “O que entra pela boca não faz mal, mas o que sai dela mata”, tudo bem que não concordo plenamente com isso, já que se um copo de cicuta entrar pela sua boca, só irá te deixar ligeiramente morto, mas enfim não vem ao caso agora.

Mas sim o que sai da boca, destrói, despedaça, de forma muito mais cruel, mais dolorosa que a pior de todas as mortes, já que o que está morrendo são sonhos e alma, sobrando apenas um corpo, que sim realiza todas as tarefas cotidianas, mas está vazio.

Corações e almas são nossos maiores tesouros, mas estão sempre fadados a serem dados a outros. No caso do primeiro, o que geralmente é ofertado com muito mais freqüência, pode ser machucado, espremido, despedaçado, mas de uma forma ou de outra, de forma completa ou mesmo faltando alguns caquinhos, esse pode ser remendado.

Tratando-se de almas, nunca há opção, ela nos é tomada, arrebatada, conquistada. No meu caso, houve uma tentativa de negociação, um pedido, e por fim me dei conta de que não era mais minha, que ela clamava por seu novo dono, então não me restava nada além de entrega-la de bom grado.

E ela foi aceita, e poucas coisas poderiam ter me feito mais feliz... Mas não se pode ser feliz por muito tempo... Vamos imaginar que almas são esferas transparentes e ocas, do mais frágil cristal, preenchidas por uma substancia opaca fluida, nem liquida nem gasosa. Essas esferas também precisam de cuidados, não que seja fácil, mas nada que seja inatingível.

A esfera que acomodava minha alma foi arremessada violentamente contra a parede, se estilhaçando em infinitos cacos, o fluido volatilizou... É impossível remendar cristal. Acabou se, hoje eu tenho essa dor que me consome, um coração remendado, sonhos desfeitos e uma alma estilhaçada. Basta esperar que mais dia ou menos dia essa dor amenize ou eu me acostume com ela.

E novamente, pessoas se despedaçam com tanta fragilidade, sonhos e corações também.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

[Efeito magnético]

O efeito magnético é aquele que se manifesta pela criação de um campo magnético na região em torno da corrente. A existência de um campo magnético em determinada região pode ser comprovada com o uso de uma bússola: ocorrerá desvio de direção da agulha magnética. Este é o efeito mais importante da corrente elétrica, constituindo a base do funcionamento dos motores, transformadores, relés, etc.

Na vida não é diferente.

Quando existe a sinergia entre duas pessoas cria-se um campo magnético entre elas, qualquer movimento, por mais delicado que seja, nos leva para uma direção que pode ser apontada pela bússola.

O mais interessante é que quanto mais forte a sinergia, mais difícil desfazê-la, ou seja, passam dias, meses, anos e a corrente continua nos puxando para o campo.

Traçamos nossos caminhos, mudamos a direção, seguimos rotas diferentes, mas sempre existirá aquela bifurcação que acaba nos levando pra perto do pólo.

É inevitável, curioso.

Siga o curso natural, sua bússola sempre apontará para a direção certa, o caminho pode ser sinuoso mas te levará de encontro ao pólo que lhe puxa.

Essa é a roda da vida.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

[Ode a um coração partido]


O amor é uma coisa estranha não? É uma coisa que acontece sem você querer, sem você planejar, um dia de uma hora pra outra você tem um insight e se da conta de que aquela pessoa é “A Pessoa”, e que você já não é mais senhor das suas vontades e pensamentos.

E pensamentos geram palavras, e essas chegam na garganta e chegando ali sufocam... Necessitam serem ditas ou vomitadas, o que vier primeiro. Palavras ditas às vezes são ouvidas, e convencionalmente respondidas, e esse justamente é o ponto.

Apenas duas respostas são possíveis, E pode ser ou não o que gostaríamos de ouvir. E a partir daí sofremos, não só pelo amor alvo do nosso amor, mas também por saber que esse amor não é uma coisa possível. Ou se descobre que a outra parte também te ama, nada pode ser tão mágico quanto isso.

Tudo parece diferente, tudo ganha novas cores, novos sabores, até mesmo o tempo passa a correr de uma forma diferente, o mundo gira mais devagar. Somos felizes pelas coisas mais tolas, coisa que nos fazem lembrar da pessoa amada. O céu estrelado, encontrar gostos em comum, o som da voz, o cheiro do cigarro que ela fuma. A simples “presença”, mesmo que a quilômetros de distancia te deixa feliz, os mínimos defeitos são vistos como enormes qualidades... Passamos o dia preparando o coração, para aquela ínfima parcela de tempo dedicado àquela pessoa. Quanto mais a hora se aproxima, mais feliz nosso coração fica.

Não se pede nada em troca de um amor, nem mesmo paixão de volta, talvez apenas que esse seja recebido, nada além de uma chance de se provar que esse amor é uma coisa verdadeira e que pode sobreviver, mesmo com todas as dificuldades, mesmo com a distância, tudo é ofertado de bom agrado.

Mas às vezes de forma súbita descobre-se, que esse amor dedicado não pode mais ser recebido, a razão... Nenhuma razão pode ser boa o suficiente. Também de súbito é como se todas as estrelas do céu se apagassem. Quando antes nem a sua própria morte poderia acabar com a minha alegria, agora creio que nem mesmo a própria morte poderia dar fim a minha tristeza.

Me perdoe por te amar. Me perdoe por te dizer. Me perdoe por não poder esquecer. Mas ainda sim vou cumprir minha palavra.

terça-feira, 9 de setembro de 2008



“Ergamos um brinde aos amigos ausentes, amores perdidos, deuses antigos e à Estação das Brumas, e que cada um de nós sempre conceda ao diabo o seu quinhão”.

Ou no original, de Neil Gaiman, em Sandman:

“To absent friends, lost loves, old gods, and the season of mists; and may each and every one of us always give the devil his due.”

domingo, 7 de setembro de 2008

[Terceiro quadrante de Saturno]

São Sete anos para a infância, mais sete até a puberdade, sete para adolescência e irresponsabilidade, outros sete para a idade adulta, e aos vinte e nove o retorno de saturno.

Fui tanta e uma só nesses 21 anos. Fiz muitas escolhas erradas, já abdiquei de muito por quase nada, já quis morrer, já implorei para viver. Acreditei que tinha amigos quando na verdade estava num covil de cobras, e me imaginei sozinha, quando tinha ao meu redor os melhores amigos que qualquer um poderia ter.

Mas acho que tudo isso foi o que me tornou o que sou hoje, em um fluxo inconstante e incoerente de pensamentos, muito prazer sou Kelly Cristina, ou Liz para quem quiser.

Kelly vem do anglo-saxão donzela guerreira, Cristina do hebraico, aquela que foi ungida. Liz de uma marca de nascença nas costas e uma brincadeira bizarra. Nasci, morro e espero morrer em São Paulo. Sou de virgem, metódica e perfeccionista até não poder mais. Meu ascendente é leão, então eu adoro mandar nas pessoas. Minha Lua é em câncer, então não grita senão eu choro.

Hoje, uso salto alto, maquiagem e cabelo solto, descobri se eu quiser que alguém me ache bonita, tenho que acreditar nisso antes. Sinto falta de muita coisa, mas do colégio e das pessoas não, pedi muita gente que eu gostava, mas para depois me dar conta que se essas fossem minhas amigas verdadeiramente, teriam permanecido de alguma forma na minha vida.

Trabalho com uma coisa totalmente diferente do que eu estudo, mas mesmo assim adoro o que faço. Minha vida possui uma razão, de três anos e 98 cm, que se deixar passa o dia todo assistindo backyardigans e atende pelo nome de Eduardo.

A pessoa que hoje eu amo está a mais ou menos 300 km de mim e a ultima vez em que conversamos também furioso comigo, acho que devo desculpas... Ele é uma mais uma das peças que a vida pregou em mim, me fazendo querer alguém tão distante.

Tenho 6 vidas, uma eu joguei fora a mais ou menos dois anos. Eu não estou mais com medo. Finalmente entendi que estes que estão atravancando meu caminho passarão

Eu amo Neil Gaiman, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e Fernando Pessoa com seus heterônimos todos. Eu amo Los Hermanos... Eu gostava mais de ler quando preferia não pensar.

Hoje observo mais do que antes, mas penso antes de julgar. Não penso antes de agir. Como compulsivamente, mas faço Hap Ki do, mesmo faltando aos treinamentos como uma louca. Ouço coisas demais, falo demais, perco a voz e tenho sono.

Eu sou brega, sou clichê e ODEIO balada. Eu falo pelos cotovelos e isso tem nome, mas eu já esqueci qual é.

Tudo isso e um tanto muito maior e imensurável, então que venham os 21.

sábado, 6 de setembro de 2008



"Sou uma mulher madura,
que às vezes brinca de balanço,
Sou uma criança insegura,
que às vezes anda de salto alto."
- Martha Medeiros –


Estou perdida em um mundo cinza, tentando achar as cores da felicidade. Passo horas pensando, escarafunchando dentro de mim, tentando achar o momento exato em que as cores se foram...

Vivo tudo em uma intensidade acima do normal, quero demais e busco ainda mais. Não consigo levar a vida no mais ou menos, ou é tudo ou nada. Sei que isso é ruim, mas não consigo ser diferente preciso ter o copo transbordando pra me sentir inundada de felicidade. Um pouco cheio para mim é vazio...

Sim, cobro em demasia, mas tento me dar na mesma medida. Em alguns momentos, olho aqui dentro, neste espaço interno-confuso e vejo uma menininha carente, buscando carinho. Mas sempre da forma errada, enfiando os pés pelas mãos...

Digo à menina que trate de crescer, mas ela me olha, com o dedinho na boca dizendo:

- Quer ser adulta? Seja! Mas salto alto, para mim, só nas brincadeiras...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

[Deus, Darwin e o Dudu]

“Quando me pergunto se acredito em Deus, costumo responder: ‘acredito no Barbudão!’ E é verdade. Eu acredito muito em Charles Darwin, o Barbudão que bolou a ‘teoria da origem das espécies’, que ao contrário do que o nome leva a crer, não explica a origem das espécies, fato que continua a ser um dos maiores enigmas da ciência, mas explica bem a evolução das espécies pela seleção natural.
Normalmente, quem acredita no Barbudão da capela Sistina não acredita muito no Babudão do Beagle. E vice-versa. Quem diz que acredita nos dois ou não parou para pensar direito ou está com preguiça de entrar em discussões mais profundas a respeito do sentido da vida.
Mas se você agüentou esse papo cabeludo até aqui, deve estar pensando no sentido da vida.
Quem acredita no Barbudão de Aparecida do Norte acredita que existe uma entidade superior, que tudo fez e que, em seus elusivos propósitos, tudo justifica: a alegria e a desgraça, a vida e a morte, o Luftal e a cólica. Deus é o próprio sentido da vida> É a explicação para tudo, menos para os preços exorbitantes das fraldas descartáveis.
Quem acredita no outro Barbudão chupa o dedo? Leva uma vida vazia e inútil que vem do nada e para o nada retorna? Se não existe um propósito moral maior como o que nos oferece o Barbudão do andar de cima, não existe propósito algum?.
Ter um filho me ajudou a não sentir mais tanta vergonha de adotar a impopular posição de torcedora do Barbudão de Galápagos. Quando olhei o Eduardo pela primeira vez, eu tive uma visão. Nessa visão percebi o quanto faço arte dos meus pais. E meus pais fazem parte dos meus avós. E meus avós dos meus bisavôs, numa cadeia reversa que nos que nos leva até o momento em que éramos todos apenas, um brilho nos olhos de uma cadeia de ácido desoxirribonucléico.
Foi isso que meu filho me disse quando veio ao mundo. Ele me falou que somos todos uma coisa só. Todas as coisas vivas. A conta é simples. As chances matemáticas de não termos nascido seres vivos, eu e ele, tendem ao infinito. Afinal, a maioria da matéria do universo não está viva. As chances que teríamos sido partículas de gás, por exemplo, eram infinitamente maiores. As chances matemáticas de que, além de sermos seres vivos, seria de um determinado e raro tipo de ser vivo que tem consciência de que está vivo (ao contrário do Plâncton ou dos deputados, por exemplo) tendem mais ao infinito ainda.
E, finalmente, as chances matemáticas de nos encontrarmos, vivos, aqui e agora, neste ponto do tempo no universo, e unidos pelo amor, é o tipo de matemática que só quem acredita no Barbudão do Céu é capaz de entender. O que pega muito mal para uma mina que faz biologia e que acredita no Barbudão da ciência com eu.
A conclusão que eu chego é a seguinte: não importa o Barbudão que você esteja seguindo, o sentido da vida é justamente respeitar, amar, e preservar a vida, Cem por cento dos Barbudões concordam que a vida é a coisa mais preciosa do universo.
Mas que provou isso não foi nenhum Barbudão, foi um cara que nasceu careca.”